O que você imagina que é a sala de aula invertida? Visualizou uma classe de cabeça para baixo, com tudo fora de ordem? Nada disso! De forma simplificada, podemos dizer que se trata de um método de aprendizado muito interessante, no qual o contato do aluno com o conteúdo não começa com a tradicional exposição do professor.
A sala de aula invertida (flipped classroom) é um método de aprendizado no qual o conteúdo é apresentado para o estudante fora do ambiente escolar. Esse primeiro contato pode acontecer por meio da internet, incluindo videoaulas e games disponibilizados pelos professores, livros e textos didáticos.
Esse método atribui à tecnologia a função de possibilitar o primeiro contato com conceitos e informações. Porém, isso não significa que o professor deixa de ter um papel essencial. Na sala de aula, o tempo é aproveitado para tirar as dúvidas a respeito do conteúdo e promover debates. Além disso, é possível realizar atividades que desenvolvam o entendimento dos jovens acerca do tema abordado.
A sala de aula invertida quebra a ideia de que o professor é o detentor e centro do conhecimento. Portanto, os estudantes deixam de ser agentes passivos no processo de aprendizado. O novo método passa essa responsabilidade de buscar conteúdo para o aluno, já que no contexto atual, a informação de boa qualidade está disponível em diversos lugares e mídias.
E o papel do professor na aula invertida é de aguçar a pesquisa e possibilitar as discussões, mediando a construção do conhecimento. Afinal, embora a informação venha de muitas fontes, ele atribui ao educador a responsabilidade de provocar o pensamento. Enquanto a tecnologia oferece os níveis mais básicos de conhecimento, é o elemento humano quem proporciona oportunidades de análise, comparação, confronto de ideias e crítica.
Algumas experiências bem-sucedidas de sala de aula invertida mostram que esse modelo pode trazer uma série de vantagens. Elas serão descritas nos tópicos a seguir:
Como uma parte do contato do inicial aluno com o conteúdo acontece fora da escola, o professor consegue otimizar o tempo de aula. Por não precisar dedicar um espaço tão grande à exposição da matéria, ele tem a possibilidade de observar melhor os alunos, detectar as dificuldades individuais e propor alternativas para solucioná-las. Afinal, a eficácia nessa identificação e solução depende das estratégias usadas pelo professor.
Assim, se ele estabelece uma dinâmica em sala de aula com atividades que favorecem a interação e realiza avaliações rápidas (como um quiz), essas dificuldades ficarão mais evidentes. Logo, isso facilita a solução das mesmas. Embora o método favoreça essa abordagem, seu sucesso depende do professor, que é a peça-chave nesse processo.
A sala de aula invertida reconhece que a informação não está contida apenas na escola. Assim, o professor tira proveito disso usando recursos tecnológicos que fazem parte do cotidiano do jovem. Disponibilizar o conteúdo online também apresenta vantagens como tornar o ensino mais atrativo para as novas gerações. Elas se sentem engajadas e têm a oportunidade de desenvolver a autonomia.
O método flipped classroom propicia diálogo e interação entre estudante e docente. Portanto, é uma forma mais agradável de convivência, na qual o professor pode circular pelo recinto e acompanhar de perto o desenvolvimento do aluno e os desafios que ele vive, observando como ele passa por esse processo. Essa forma de organização transforma o docente em um tutor, que guia o estudante pelos conteúdos, questionamentos e melhores formas de aprender.
A sala de aula invertida combina vários elementos que favorecem a aprendizagem. O contato com a informação pode ser mais interessante devido ao uso de arquivos com multimídia. Além disso, o aluno demonstra maior engajamento e interesse, o que contribui para um excelente resultado. Você verá a constatação desse fato nas experiências relatadas no próximo tópico.
A sala de aula invertida, na maioria das vezes, é aplicado em turmas de Ensino Médio, mas também já foi testado em cursos superiores, com destaque para o projeto da Escola de Medicina da Universidade de Stanford.
Nesse último caso, os estudantes tinham acesso a videoaulas de uma disciplina optativa de bioquímica e assim sobrava mais tempo para resolver exercícios em sala. Os resultados foram muito positivos; constatou-se que o número de alunos que frequentavam as aulas passou de 30% para 80%.Os educadores Aaron Sams e Jonathan Bergmann executaram este modelo pedagógico em sala de aula com sucesso. Você pode conferir o resultado no vídeo de Aaron sobre sua experiência nas aulas de Ciências em uma escola do Colorado, EUA.
O primeiro passo para colocar esse modelo em prática é selecionar o material para introduzir os alunos ao conteúdo. Assim, pode ser um canal no YouTube, vídeos específicos, textos, sites com atividades interativas e até mesmo plataformas de empresas especializadas.
Dessa forma, o professor prepara as aulas seguintes a esse processo de descoberta. Ele pode trazer exercícios, propor debates, projetos ou experiências. Portanto, o importante é que esse momento em sala leve os estudantes a níveis mais elaborados de pensamento e a situações onde eles podem aplicar o conhecimento adquirido.
É válido lembrar que esse não é o “método certo” de ensino; é uma entre tantas possibilidades que dão certo. Afinal, a ideia do flipped classroom usa tecnologia a favor do aprendizado e atende uma demanda que surge devido à grande oferta de conteúdo disponível atualmente. Porém, ela agrega a intervenção posterior para garantir que a informação seja realmente entendida e aplicada corretamente.
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Originalmente publicado em: https://www.arvore.com.br/blog/sala-de-aula-invertida