O conceito de letramento digital é mais fácil de ser compreendido após o entendimento do termo “letramento”.
De acordo com a educadora Magda Soares, o letramento é a capacidade de não apenas ler e escrever, mas também de utilizar esses conhecimentos no cotidiano, em benefício de si próprio e da comunidade.
Na mesma linha, o letramento digital corresponde aos “ modos de ler e escrever informações, códigos e sinais verbais e não verbais com uso do computador e demais dispositivos digitais”, segundo o Currículo de Referência em Tecnologia e Computação.
O estudo separado desse conceito se fez necessário por conta das especificidades do contexto digital, como:
– leitura multilinear: enquanto a leitura no papel é linear, nas telas a leitura é multilinear, sem uma ordem pré-estabelecida, por causa dos inúmeros hiperlinks;
– exigência de conhecimentos básicos de Informática;
– navegação e pesquisa na Internet;
– multimodalidade da informação: os elementos linguísticos do ambiente virtual incluem, além dos textos, imagens, vídeos, sons e animações.
Qual é a diferença entre letramento e alfabetização digital?
Os termos “letramento digital” e “alfabetização digital” são constantemente confundidos e, às vezes, até usados erroneamente. Academicamente, porém, há uma diferença entre os dois conceitos.
Segundo o doutor em Linguística Aplicada Marcelo Buzato, enquanto a alfabetização digital se limita à apropriação técnica dos “símbolos, regras e habilidades ligadas ao uso das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação)”, o letramento digital envolve a prática social dessas TIC.
Esse segundo conceito é o que mais se aproxima da quinta competência-geral da Base Nacional Comum Curricular (BNCC):
“Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.”
Precisamos mesmo trabalhar isso na escola?
Talvez você esteja se perguntando: “com as crianças e adolescentes cada vez mais familiarizados com a tecnologia, é realmente necessário que a escola trabalhe o letramento digital?”.
E a resposta é “sim”. A popularização da Internet e o uso massivo das redes sociais não indicam, necessariamente, que os jovens já dominam as ferramentas digitais no contexto acadêmico, profissional e social, nem que eles possuem uma compreensão ampla e crítica do mundo digital.
A escola precisa desenvolver, junto aos estudantes, competências e habilidades como:
– pensamento crítico;
– pesquisa eficaz na Internet;
– avaliação de fontes de informação;
– programação;
– pensamento computacional;
– comportamento ético e responsável nas redes sociais;
– resolução de problemas com ferramentas digitais;
– criação de conteúdo digital;
– aplicação de protocolos de segurança e privacidade online.
Além disso, o acesso à Internet e o uso de computadores ainda não é realidade de todos os jovens brasileiros. Nesse sentido, a escola tem um importante papel de promover a inclusão digital na comunidade.
Como desenvolver o letramento digital na escola?
Na prática, a escola deve ensinar os estudantes com e sobre tecnologia, inserindo recursos educacionais digitais no dia a dia da instituição e abordando temas relacionados à cultura digital de forma interdisciplinar.
Eis algumas dicas para acelerar esse processo na sua escola:
Utilize recursos educacionais digitais em sala de aula
Além dos materiais didáticos tradicionais, como cadernos, livros e apostilas, utilize em sala de aula recursos educacionais digitais como testes online, jogos virtuais e videoaulas.
Mais do que potencializar o processo de ensino-aprendizagem e expandir as metodologias de ensino, essa inserção de tecnologias vai contribuir para a familiarização gradual dos estudantes e mostrar para eles as inúmeras possibilidades de uso das TICs.
Invista no ensino híbrido
O ensino híbrido – abordagem que mescla experiências de aprendizagem presenciais e à distância, por meio das tecnologias digitais – traz vários benefícios para os estudantes, incluindo a apropriação tecnológica de dispositivos computacionais.
Afinal, o contato diário com aplicativos e plataformas educacionais fará parte da rotina escolar dos estudantes e eles serão incentivados a pesquisar na Internet, digitar, escrever textos e explorar diferentes mídias.
Incentive o pensamento crítico
Como mencionamos anteriormente, o letramento digital envolve a prática social da leitura e escrita no ambiente virtual.
Por isso, é necessário debater com os alunos temas relacionados à cidadania digital, ética, respeito às diferenças, uso responsável das tecnologias, privacidade, segurança, fake news e indicações de faixa etária no meio digital.
O uso das tecnologias para resolução de problemas também deve ser fomentado em trabalhos escolares, aulas de robótica e projetos Maker.
Deixe o estudante colocar a mão na massa (ou melhor, no mouse)
Em todos os componentes curriculares, quando o assunto é ou não tecnologia, a participação ativa dos alunos é essencial para uma aprendizagem significativa.
Por isso, dê a oportunidade de os alunos experimentarem diferentes tecnologias na prática, manuseando o mouse, digitando, jogando games, respondendo questionários online, criando robôs, programando, etc.
Mesmo que a infraestrutura da sua escola não tenha um computador para cada estudante, o professor pode criar pequenos grupos para revezamento e uso coletivo. Os smartphones, que são mais acessíveis, também podem substituir o computador em algumas atividades.
Capacite os professores
Para que o uso pedagógico das tecnologias educacionais seja realmente efetivo e os professores consigam ensinar aos alunos conceitos de informática e pensamento computacional, é necessário capacitar os professores para essa tarefa.
A formação inicial da maioria dos professores não contemplou as habilidades e competência do mundo digital. Por isso, a formação continuada de professores nesse quesito é o melhor caminho.
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Originalmente publicado em Educacional