Assim como na comunicação, o uso da tecnologia digital na educação é um caminho sem volta. A conectividade aumenta as possibilidades de pesquisa e transforma o aprendizado em uma atividade mais lúdica do que já foi quando o professor tinha apenas a lousa e o giz como recurso. A boa notícia é que as escolas estão mais conectadas do que na época pré-pandemia, mas ainda há desafios a serem vencidos.
Um deles tem a ver com a falta de preparo dos professores da rede de ensino Fundamental e Médio no mundo digital. Para a maior parte do corpo docente (75%), falta um curso específico que viabilize conhecimentos de tecnologia e ferramentas digitais que possam ser usadas em classe. Sem o preparo dos professores, mesmo que as escolas estejam mais aptas, a tecnologia acaba não sendo usada como poderia. O dado faz parte de uma radiografia anual da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) na Educação, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação.
A pesquisa para a elaboração do relatório foi realizada entre outubro de 2022 a maio de 2023, em 1.394 escolas particulares, públicas municipais, estaduais e federais. Participaram mais de 10 mil pessoas entre gestores, professores, alunos e coordenadores. Todas as escolas estão mais equipadas do que antes do período pandêmico, independentemente do local ou tipo de administração. Mesmo assim há problemas de infraestrutura básica, que persistem, como a qualidade da internet.
Em 41% das escolas estaduais, por exemplo, o sinal é ruim. Em mais da metade (55%), ele não chega aos locais do prédio mais distantes do roteador. As escolas particulares também são impactadas, mas em menor proporção. A maior defasagem foi localizada nas escolas rurais, onde apenas 30% dos alunos têm acesso à internet na escola e apenas 38% disponibilizam os computadores para os estudantes.
Apesar da conectividade hoje estar melhor, a internet é usada nas salas de aula em seis de cada dez escolas. Chama atenção o fato de 46% das instituições proibirem o acesso da rede aos alunos e 61%, o uso do celular. O aparelho telefônico ainda é considerado um fator de dispersão. Porém, quando os alunos estão fora do colégio, os professores tiram dúvidas dos alunos pelo aplicativo de mensagem.
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Originalmente publicado em Veja